
As companhias aéreas na Europa podem ser autorizadas a operar voos com ageiros utilizando apenas um piloto até 2030, alerta um importante sindicato que representa pilotos em todo o continente, como informou o site PYOK, especialista em assuntos envolvendo tripulações de cabine.
As operações de piloto único, ou “Operações de Tripulação Mínima Estendida” (eMCO), estão se tornando um tema cada vez mais debatido à medida que os reguladores consideram seriamente permitir que as companhias aéreas reduzam custos tendo apenas um piloto no cockpit.
Atualmente, as “Operações de Tripulação Mínima Estendida” estão sendo analisadas para a fase de cruzeiro em voos de longa distância, onde normalmente são escalados três ou quatro pilotos para uma única missão.
Após a decolagem, os pilotos se revezam para dormir em um compartimento dedicado de descanso da tripulação, a fim de cumprir rigorosas normas conhecidas como “limitações de tempo de voo“, que visam reduzir o risco de fadiga durante as fases críticas do voo ou em situações de emergência.
Para garantir que sempre haja dois pilotos no controle, as companhias aéreas precisam escalar três ou mais pilotos, o que representa um custo significativo que as empresas gostariam de evitar.
Em 2021, a fabricante europeia Airbus abordou a Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA) com a proposta de eliminar a exigência de ter dois pilotos no cockpit durante a fase de cruzeiro. Em resposta, os reguladores rapidamente formaram um grupo de trabalho para explorar a viabilidade dessa proposta.
Neste ano, espera-se que a EASA inicie o trabalho em uma estrutura regulatória que permitirá que as operações eMCO se tornem realidade, com novas regulamentações previstas para serem introduzidas em toda a Europa até 2030.
A EASA está atualmente avaliando todos os problemas práticos que podem surgir como resultado das operações de piloto único, bem como as soluções de “cockpit inteligente” que estão sendo desenvolvidas para superar esses desafios.
Dentre as preocupações levantadas, uma das mais interessantes é a possibilidade de o único piloto em serviço precisar urgentemente ir ao banheiro, o que poderia significar que ninguém estaria controlando a aeronave se o piloto tivesse que sair do cockpit durante um intervalo.
Algumas das soluções, que foram consideradas de forma séria pela EASA, incluíam pedir aos pilotos que se desidratassem antes de iniciar um turno sozinho, além de exigir que consumissem uma dieta rica em proteínas e baixa em resíduos para minimizar a necessidade de usar o banheiro.
Felizmente, a agência descartou essas soluções exageradas, afirmando que não eram “aceitáveis nem viáveis”. Contudo, a Airbus está trabalhando em uma possível solução na forma de um vaso sanitário equipado com rádio, que poderia ser instalado atrás do banco do capitão no cockpit. Se aprovada pela EASA, a ideia poderia ser testada no A350, aeronave bandeira da Airbus, até 2027.
Os sindicatos de pilotos afirmam que a motivação por trás do impulso da Airbus para as operações eMCO é simples: trata-se de questões financeiras. A expectativa é que as companhias aéreas estariam mais propensas a adquirir aviões da Airbus em detrimento da Boeing, devido à significativa economia que a redução de custos com a folha de pagamento de pilotos poderia proporcionar.
Não é apenas a Europa que está explorando operações de piloto único. Em 2021, a Cathay Pacific, a companhia aérea de Hong Kong, revelou que também estava trabalhando com a Airbus em um projeto chamado “Connect”.
O Airbus A350 foi novamente indicado como a melhor aeronave para eMCO, pois já possui vários sistemas autônomos, incluindo uma função de descida de emergência que leva automaticamente o avião a uma altitude segura em caso de despressurização súbita, sem qualquer intervenção do piloto.
A Cathay Pacific estava supostamente planejando testar o eMCO este ano, embora seja improvável que isso aconteça agora.