O Escritório do Programa de Helicópteros Presidenciais (PMA-274) e o Corpo de Fuzileiros Navais Americanos aceitaram ontem, 19 de agosto, a entrega do último helicóptero VH-92A, construído pela Sikorsky, uma empresa da Lockheed Martin, em agosto. Esse feito marca a conclusão do programa de registro para entregar 23 novos helicópteros presidenciais em apoio à missão de transporte executivo. 3p3153
No mesmo dia, o Presidente Joe Biden fez o primeiro voo no VH-92A Patriot, que é o helicóptero pesado Sikorksy S-92 adaptado para o uso da Casa Branca. A aeronave, na sua configuração normal, leva até 19 ageiros, concebida desde o início para a operação do setor offshore (exploração de petróleo em alto-mar), e hoje é a maior aeronave de asas rotativas em operação no Brasil, para fazer um paralelo.
O inventário total de 23 aeronaves VH-92A consistirá em 21 operacionais e duas de teste. Essa quantidade permite que as aeronaves estejam prontas para apoiar a missão de transporte executivo, em por vários níveis de manutenção, atualizações de ciclo de vida e forneçam recursos para o treinamento de pilotos e tripulação.
Em maio de 2014, o PMA-274, com aprovação do Departamento da Marinha, concedeu à Sikorsky um contrato para construir o próximo helicóptero presidencial, o VH-92A Patriot.
Longo histórico de problemas
Este contrato foi fechado já há mais de 10 anos do projeto inicial, o VXX, que pretendia substituir os helicópteros VH-3A Sea King (SH-3A) e VH-60N White Hawk (UH-60A Black Hawk), também fabricados pela Sikorsky.
A demanda surgiu na Casa Branca após o Atentado Terrorista de 11 de setembro, em que a comunicação a bordo dos chamados Marine One foi avaliada como precária, dada a situação do país sob ataque e a demanda do então Presidente Bush (filho) para falar com os vários setores do governo durante o momento da maior crise dos EUA após a Guerra Fria.
A competição foi iniciada em 2003, com o VH-92 já competindo junto da Lockheed Martin (que não era na época a dona da Sikorksy) que fechou uma parceria com a AgustaWestland (hoje Leonardo Helicopters) para construir o VH-71 Kestrel nos EUA, a versão presidencial e executiva do AW101, fabricado apenas na Europa e Japão.
O VH-71 acabou saindo campeão e o contrato foi assinado, com as primeiras unidades modificadas para testes e avaliações. Porém, a Lockheed e Agusta perceberam que precisariam de mais modificações que o planejado inicialmente, e com isso foram solicitando aditamentos no contrato, que chegou a valores muito acima do proposto inicialmente, levando o governo a cancelar ele em 2009, em meio à crise financeira iniciada em 2008 e mesmo com algumas aeronaves já em testes finais.
Em 2012, uma nova licitação foi aberta, e desta vez a Lockheed decidiu ficar ao lado da Sikorsky, enquanto a Boeing fechou um acordo com a Agusta, com os dois grupos competidores oferecendo a mesma aeronave da licitação anterior. Um ano se ou e a Boeing/Agusta desistiram do projeto, vindo que novamente não conseguiriam manter o preço alvo do orçamento.
Com isso a Lockheed Martin/Sikorsky foi escolhida em 2014, com previsão de entrega para o ano de 2018, quando inclusive testes foram feitos na Casa Branca (foto acima), porém modificações nos helicópteros ainda precisaram ser feitas, e o projeto atrasou mais seis anos, sendo apenas concluído as entregas agora, permitindo o início da operação.
E foi durante a convenção do Partido Democrata, que ratificou a escolha da sua Vice-Presidente, Kamala Harris, como candidata à Presidência dos EUA, que Biden estreou o VH-92A.
NEW MARINE ONE: President Biden, in transit to the Democrat National Convention in Chicago, Illinois, boards the new Sikorsky VH-92 Patriot at O'Hare International Airport. pic.twitter.com/BLTdi10mFk
— Breaking 4 News (@Breaking_4_News) August 19, 2024
Após um voo de 2 horas de Boeing 747-200 (VC-25A) de Washington até o Aeroporto O’Hare em Chicago, Joe Biden voou no Patriot (vídeo acima) até o Soldier Field (vídeo do pouso mais abaixo), Do Soldier Field, Biden seguiu de carro até o United Center, a arena onde está sendo realizada a convenção do seu partido.
Curiosidades sobre estes locais de Chicago
O Soldier Field estádio do conhecido time de futebol americano, Chicago Bears, fica ao lado do antigo Aeroporto de Meigs Field, fechado por uma decisão banal da prefeitura em 2003, e que é bastante conhecido por ser o aeroporto padrão para início de voos na série Flight Simulator.
Biden arriving at the Soldier field landing zone in the new VH-92 version of Marine One. Absolute beasts! #marineone #hmx1 #chicago #potus #ChicagoDNC24 #chicagoscanner @Aviation_Intel @Chicago_Scanner pic.twitter.com/XzklE6WaEX
— Jeremy Holleb (@JeremyHolleb) August 19, 2024
Já o United Center é a casa do tradicional time de basquete, Chicago Bulls, e também lar do Chicago Blackhawks, popular time de hóquei no gelo.
Para quem é da aviação, o nome da arena é bastante familiar e por um belo motivo: a United Airlines tem um gigante hub no Aeroporto Internacional O’Hare, e já teve sua sede na cidade, e por isso comprou o naming rights do local, que tem capacidade para 23 mil pessoas, sendo a maior arena da NBA (liga americano-canadense de basquete) e a segunda maior da NHL (liga americano-canadense de hóquei).
Um outro detalhe interessante é que Biden, ao contrário de Obama e Trump, nunca gostou de voar no VH-60N White Hawk, a versão presidencial do Black Hawk, exatamente por ser um helicóptero de teto mais baixo e menor que o Sea King (VH-3A).
Curiosamente Biden é mais baixo que seus dois antecessores, e mesmo assim se recusava a voar no mais novo VH-60N. Isto levou que os Marines mantivessem uma frota maior do VH-3 em operação até que o VH-92 fosse concluído.
Com Informações da Comunicação Social da NAVAIR
