
A GOL atingiu, no mês ado, um feito inédito: tornou-se a primeira companhia aérea no mundo a realizar uma manutenção de longo prazo em um Boeing 737-700.
As manutenções programadas de uma aeronave comercial são realizadas após uma determinada quantidade de horas de voo ou ciclos (um ciclo corresponde a uma decolagem e um pouso, considerando a pressurização na subida e a despressurização na descida).

Os tipos de manutenção são classificados em A, B, C e D, com diversos subtipos em cada categoria. Quanto maior a letra e o número, mais extensa e complexa é a manutenção, já que, com o envelhecimento da aeronave, torna-se necessário realizar um número maior de verificações.
Embora a GOL esteja habituada com os checks A, B e C, a companhia até então não havia realizado nenhum check do tipo C9 — até o mês ado. A primeira aeronave a atingir o cronograma dessa manutenção foi o 737-700 de matrícula PR-VBQ. Fabricado em 2002, como parte de uma encomenda original da GOL, o avião chegou ao Brasil com o registro PR-GOO em 27 de março daquele ano.
Pouco mais de um ano depois, em 20 de dezembro de 2003, o jato se envolveu em um acidente durante uma aproximação desestabilizada, numa tarde chuvosa, no Aeroporto de Navegantes, em Santa Catarina. A aeronave tocou o solo muito além do ponto ideal e não conseguiu parar ao fim da pista, saindo da mesma e colidindo com um muro. Apesar do susto, ninguém se feriu. A aeronave foi içada para fora da área, reparada e voltou a voar.
Em 2008, após a GOL adquirir a Varig, o jato foi rematriculado como PR-VBQ, uma das matrículas que estavam reservadas para a “Pioneira”. Ele voou com as cores da chamada Nova Varig até 2013, quando o processo de fusão foi concluído e o jato voltou a operar com a pintura da GOL.

Durante uma visita técnica feita ao hangar da companhia em Confins nesta semana, o AEROIN conheceu detalhes sobre o check C9 realizado no PR-VBQ.
Foi uma manutenção inédita feita em um 737 da série Next Generation (NG). A Boeing enviou pessoal próprio para acompanhar o processo, já que, apesar de prevista no manual, essa manutenção nunca havia sido realizada por ninguém no mundo. A aeronave era a mais voada do mundo no modelo 737-700.
Dados da GOL indicam que o avião possuía 64.656 horas de voo no momento da parada para manutenção e já havia realizado mais de 55 mil ciclos, tornando-se o 737-700 mais utilizado do mundo.

O trabalho foi conduzido durante 90 dias por dezenas de profissionais da GOL no hangar da companhia, no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, e durou mais de um mês. A manutenção incluiu a desmontagem do estabilizador horizontal, a remoção dos painéis de isolamento acústico e estético, tanto da cabine de ageiros quanto do compartimento de carga, entre outros procedimentos.
Após o término dos trabalhos, o 737-700 realizou um voo de teste no último dia 28 de março e foi reintegrado à operação. Dados da plataforma de rastreamento de voos AirNav Radar mostram que a GOL é uma das empresas que mais utilizam esse modelo de aeronave.
Das 100 aeronaves do tipo que mais voaram nos últimos 12 meses, oito pertencem à GOL — cinco delas figurando entre as dez primeiras posições, todas à frente da Southwest Airlines, a maior operadora global do modelo.