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Há um ano, aeroportos foram elo essencial na corrente de solidariedade ao Rio Grande do Sul 3a3z6g

Imagem: LATAM

Maio de 2024 ficará para sempre na memória da população do Rio Grande do Sul (RS). “A primeira imagem que me vem à mente quando penso na enchente é das montanhas ‘chorando’”, lembra Ana Paula Benini, moradora de Caxias do Sul, uma das primeiras cidades atingidas. As montanhas às quais ela se refere ficam em Bento Gonçalves, sua cidade natal e onde mora parte de sua família. 735wl

Foi por meio dos terminais aéreos que 3,7 mil toneladas de doações, água potável, alimentos, itens de higiene, segurança, roupas e tantos outros chegaram aos atingidos pela catástrofe. Uma demonstração de solidariedade de toda a população brasileira e de boa parte do mundo.

Caxias do Sul foi base de recebimento de doações para todo o estado. Minha família e eu prestamos auxílio voluntário na Cruz Vermelha da cidade, que era o ponto de distribuição dos donativos que chegavam”, conta Ana Paula.

Aeroportos de outros estados também se organizaram como pontos de recebimento de doações, assim como companhias aéreas se disponibilizaram a levar os itens a quem mais precisava.

Salgado Filho 34561l

Um ano depois, com o esforço conjunto dos governos federal, estadual e municipais, o Rio Grande do Sul se recupera. O Aeroporto Salgado Filho, localizado em Porto Alegre e o principal da Região Sul, foi completamente revitalizado e está em pleno funcionamento. Foram investidos R$ 426 milhões na recuperação, aprovados pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Foram madrugadas adentro para buscar uma solução para o Aeroporto Salgado Filho. Com muito trabalho, muita unidade e muita construção conjunta, a reforma foi entregue em tempo recorde, o que foi fundamental para a economia e a retomada do turismo no estado”, declarou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, ao lembrar das ações emergenciais implementadas no Rio Grande do Sul.

O aeródromo ficou 30 dias submerso. “Estive no aeroporto no dia em que começou todo o processo da enchente. Participei das equipes que ficaram voluntariamente no Salgado Filho para cuidar das nossas instalações, e uma das minhas atribuições era providenciar as refeições de todos os colaboradores que permaneceram lá”, contou Claudio Henrique Ricardo, fiscal de pátio da Fraport, concessionária responsável pelo terminal.

Com rapidez e coordenação, construímos uma malha aérea operando inicialmente 116 voos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. E, em parceria com a ANAC e o Comando da Aeronáutica, viabilizamos uma operação inédita de aeronaves civis na Base Aérea de Canoas. Para essas operações, até um shopping da cidade foi adaptado como terminal de ageiros”, lembrou Júlia Lopes, diretora de Fomento e Planejamento da Secretaria Nacional de Aviação Civil.

Além do investimento para a reconstrução do Salgado Filho, o governo criou uma malha aérea emergencial com 175 voos semanais em aeródromos das cidades de Caxias do Sul, Santo Ângelo, o Fundo, Pelotas, Santa Maria e Uruguaiana. Com o tempo, as operações foram ampliadas para atender quem precisava chegar ou sair do estado.

A Base Aérea de Canoas ou a ser utilizada para voos comerciais, graças a um investimento de R$ 6 milhões que ajudou a salvar vidas. Além disso, os aeroportos de Florianópolis, Jaguaruna e Chapecó, em Santa Catarina, contribuíram para suprir a ausência do Salgado Filho e atender às demandas da população gaúcha.

Reconstrução 1e6b5v

As obras no Aeroporto Internacional de Porto Alegre foram iniciadas em junho, assim que o volume de água permitiu a realização dos trabalhos. As atividades começaram com a avaliação dos danos à pista de pouso e decolagem, que incluiu a simulação do peso e impacto de aeronaves, além de um levantamento detalhado dos prejuízos estruturais causados pela enchente.

Ao todo, foram quase cinco meses de trabalho árduo até que o aeroporto voltasse a operar parcialmente, em outubro de 2024, com voos domésticos. Mais de 1,2 mil trabalhadores se dedicaram à recuperação da pista, taxiways e pátio de aeronaves. A concessionária também renovou nove pontes de embarque.

A reabertura completa ocorreu em dezembro, com a retomada dos voos internacionais. O movimento crescente, 2 milhões de ageiros entre janeiro e abril de 2025, somando embarques domésticos e internacionais, aponta para a recuperação econômica e do turismo no estado.

A concessionária tem anunciado novas rotas, inclusive internacionais. São novos caminhos para um povo que aposta na esperança para recomeçar. “A tristeza é um registro impossível de esquecer; mas é o amor, a doação, o auxílio vindo de toda parte do mundo, o resgate do melhor do ser humano o lugar para o qual escolho olhar”, define Ana Paula.

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Juliano Gianotto
Com uma paixão pelo mundo aeronáutico, especialmente pela aviação militar, atua no ramo da fotografia profissional há 8 anos. Realizou diversos trabalhos para as Forças Armadas e na cobertura de eventos aéreos, contribuindo para a documentação e promoção desse campo.