
O CENIPA, a autoridade brasileira de investigação aérea, assumirá a crucial responsabilidade de extrair as informações dos gravadores de voo do Embraer E190 da Azerbaijan Airlines, que sofreu um acidente no Cazaquistão.
Embora as circunstâncias do acidente ainda não tenham sido completamente esclarecidas, novas evidências sugerem que uma explosão externa – durante um período de ação militar no sul da Rússia – pode ter danificado a aeronave, que tentava pousar em Grozny.
No dia 25 de dezembro, o E190 desviou seu curso para Aktau devido a aparentes problemas de controle de voo e acabou colidindo enquanto tentava realizar a aproximação ao aeroporto de Aktau.
O ministério dos transportes do Cazaquistão afirmou que, de acordo com as normas da ICAO, o país, como autoridade investigadora, tem o direito de escolher onde enviar os gravadores de voo. A decisão de transferi-los para o CENIPA foi tomada após consultas com as autoridades aeronáuticas do Azerbaijão e da Rússia.
A transferência para o Brasil é justificada pela presença da Embraer, a fabricante do jato envolvido, em território brasileiro. O ministério destacou que o CENIPA possui as capacidades técnicas necessárias, sistemas adequados e um laboratório certificado para a leitura dos gravadores.
Além disso, a comissão cazaque de investigação, que contará com a participação de vários especialistas internacionais, estabeleceu um plano de trabalho que inclui a visita ao local do acidente e a inspeção de um hangar onde os destroços da aeronave serão coletados.
A IATA fez um apelo por uma investigação “minuciosa, imparcial e transparente”, solicitando a publicação de um relatório preliminar dentro de 30 dias, conforme as disposições da ICAO.
“O respeito às 38 pessoas que perderam a vida e àqueles que sobreviveram nos obriga a descobrir as causas dessa catástrofe e a tomar medidas para garantir que isso nunca se repita,” afirmou Willie Walsh, diretor geral da IATA. Ele apontou que a “forte possibilidade” de que o E190 tenha sido vítima de operações militares “coloca a mais alta prioridade” na necessidade de uma investigação transparente.
“Aeronaves civis nunca devem ser alvo, intencional ou acidental, de operações militares,” enfatizou Walsh. “Se a conclusão for de que essa tragédia foi responsabilidade de combatentes, os responsáveis devem ser responsabilizados e levados à justiça.”