
O Conselho Nacional de Segurança no Transporte (NTSB) dos Estados Unidos divulgou o relatório final sobre o acidente com um jato executivo Embraer Phenom 300, matrícula N555NR, que caiu logo após a decolagem da cidade de Provo, no Utah, em condições climáticas adversas.
O acidente que vitimou uma pessoa e deixou duas gravemente feridas, aconteceu em 2 de janeiro de 2023, e foi atribuído à falha do piloto em realizar a devida remoção de gelo da aeronave antes da decolagem, em um ambiente propício à formação de gelo.
De acordo com a investigação, a aeronave foi retirada de um hangar aquecido e reabastecida. Testemunhas observaram gotas de água visíveis nas asas, mas mesmo assim, o avião permaneceu exposto ao tempo por cerca de 40 minutos antes da decolagem, sem qualquer tratamento de degelo ou anti-gelo.
Testemunhas próximas ao local do acidente relataram que o Phenom 300 decolou, assumiu uma atitude de nariz elevado e, imediatamente, rolou para a esquerda até colidir com o solo. Os vestígios encontrados no local indicam que a asa esquerda tocou primeiro a pista, seguida do impacto do nariz da aeronave.
O manual de operação do avião (POH) exige que, em condições de gelo, as superfícies da aeronave estejam completamente limpas antes da decolagem. O manual também orienta que toda a superfície superior da asa seja inspecionada visualmente — preferencialmente por um membro da tripulação posicionado na cabine de ageiros — e que a cauda e fuselagem sejam verificadas com apoio de pessoal de solo treinado.
A aeronave era equipada com um sistema de proteção contra gelo nas asas e estabilizador horizontal, acionado por meio de um botão rotulado como “Wing Stab”. Dados de voo indicaram que o piloto ligou esse sistema nove minutos após a partida dos motores, mas o desligou pouco tempo depois, permanecendo inativo até o fim do voo. A posição do botão foi encontrada na posição “ligado” após o acidente, mas a análise sugere que ele pode ter sido acionado durante o impacto.
Durante os 40 minutos em que o avião esteve do lado de fora, a meteorologia registrava neve leve, neblina e temperatura de -1°C — condições ideais para a formação de gelo nas superfícies da aeronave. Nenhum áudio gravado no gravador de voz da cabine (CVR) indicou que o piloto tenha realizado a inspeção recomendada ou solicitado apoio de ageiros para tal verificação.
A análise posterior não revelou falhas mecânicas nos sistemas do avião, incluindo o de proteção contra gelo, que funcionaram normalmente em testes realizados pelos fabricantes. O acidente ocorreu por conta de perda de sustentação provocada por gelo acumulado nas asas, fuselagem e cauda.
Causa provável
A NTSB concluiu que a causa provável do acidente foi a falha do piloto em realizar o degelo necessário antes da decolagem, mesmo diante de condições meteorológicas favoráveis à formação de gelo. A negligência resultou em acúmulo de gelo nas asas, levando à perda de controle e estol logo após a decolagem.
Fatores contribuintes identificados:
- Neve e névoa com efeito operacional adverso
- Não utilização do sistema de proteção contra gelo
- Falta de inspeção adequada da aeronave
- Julgamento e tomada de decisão inadequados por parte do piloto
O relatório final em inglês está disponível neste link.