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A Empresa russa de carga Volga-Dnepr não teve sucesso em obter uma suspensão temporária destinada a impedir que a fabricante americana ree quatro posições para novos cargueiros Boeing 747-8F e 777F para novos clientes.

Na última quarta-feira (3), a Corte de Justiça Federal do estado de Washington decidiu um processo em favor da Boeing contra a companhia aérea russa Volga-Dnepr, de forma que a fabricante norte-americana pode prosseguir com o ree (venda) de quatro aeronaves anteriormente destinadas à Volga-Dnepr, oriundas de um contrato de 2018.
A Volga-Dnepr, por sinal, não venceu um único argumento legal durante a questão jurídica.
As empresas vinham se acusando mutuamente sobre uma estar querendo tirar vantagem da outra, em meio à disparada no valor do frete de carga aérea, provocada pela alta demanda em vista às necessidades geradas pela pandemia global do novo coronavírus. Mas, como observou o juiz, qualquer perda financeira da Volga-Dnepr foi auto infligida.
O que aconteceu?
O caso é bem complexo, mas, segundo o portal The Loadstar, basicamente a Volga-Dnepr ficou sem dinheiro em fevereiro, quando deveria acontecer a entrega de um 747-8F, e parecia incapaz de receber também outros três Boeings 777F encomendados.
A Boeing, então, decidiu revender as aeronaves, após ter sido contatada pela Volga sobre a situação financeira delicada.
Porém, com o valor do frete disparando por conta da pandemia global do novo coronavírus, a Volga, de alguma forma, conseguiu obter o recurso financeiro para ampliar sua frota e mudou de ideia. Porém, era tarde demais, uma vez que a Empresa russa já havia quebrado o contrato e a Boeing já possuía novos clientes para as aeronaves.
A cargueira russa alegou que havia apenas alertado a Boeing, em janeiro, de que não seria capaz de fazer os pagamentos, porém a Boeing teria levado o caso de forma mais definitiva. O argumento da Volga é de que a Boeing “mudou de ideia e decidiu seguir por um caminho diferente”. Obviamente, a decisão da fabricante não teria ido por esse caminho se a russa não tivesse sinalizado com a quebra de contrato.
Para a alegação da Companhia russa de que perderá milhões de dólares, o juiz incumbido do caso entendeu que a situação parece ser consequência de suas próprias ações. A Volga, por sua vez, descreve as ações da Boeing como “aproveitadoras” da pandemia do novo coronavírus. O tribunal considerou esta reivindicação sem e em vista aos autos do processo.
Outro argumento da Volga, de que precisava da aeronave para as ações de combate à Covid-19, também foi anulado, afinal, ela não é a única companhia aérea a fazê-lo.
Segundo o The Loadstar, a ação legal foi uma espécie de tática de alto risco para a Volga. Ela não apenas revelou alguns detalhes sobre suas finanças, algo que o grupo tentou manter em segredo, mas também tornou transparentes alguns dos movimentos internos da companhia aérea e sua atitude bastante displicente em relação aos contratos. O que é algo que muitas empresas não gostariam que o mercado soubesse.
A ação legal da Empresa russa poderá agora ter outros desdobramentos. Segundo o The Loadstar, fontes na indústria indicam que a Volga está em débito com alguns fornecedores, os quais devem ter sido surpreendidos com o fato de que agora a empresa russa aparentemente tem recursos para pagar por quatro aeronaves cargueiras.
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