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Poucas entregas forçam extensão de leasing e adiamento de aposentadorias de aeronaves

Imagem: Boeing

Após a pandemia, a aviação comercial iniciou uma recuperação que hoje luta para manter o dinamismo. À medida que a procura aumenta, cresce também a pressão sobre os fabricantes para entregarem novas aeronaves. No entanto, problemas de qualidade e limitações na cadeia de abastecimento têm estagnado a produção e, no caso da Boeing, até reduzido as taxas de fabricação.

Diante desse cenário, a indústria da aviação se prepara para um crescimento significativo na utilização da frota e no leasing de aeronaves, embora os riscos econômicos e as pressões financeiras permaneçam como desafios importantes.

Relatórios como o Market Update da IBA, de janeiro de 2025, e o mais recente levantamento da Technavio sobre o mercado de leasing de aeronaves comerciais apontam para um panorama de recuperação, expansão e incertezas econômicas.

Utilização máxima em meio a restrições de oferta

A utilização das aeronaves – ou seja, o número de horas ou ciclos que um avião opera em determinado período – atingiu níveis históricos, à medida que as companhias aéreas se adaptam aos desafios contínuos da cadeia de abastecimento.

A IBA relata que o uso de aeronaves de fuselagem estreita com 15 a 25 anos de operação aumentou significativamente. Frotas mais antigas estão desempenhando um papel fundamental para atender à demanda.

As taxas de aposentadoria de aeronaves permanecem em mínimos históricos, caindo de 2,2% em 2019 para 0,4% em 2024. Isso reflete o foco estratégico das operadoras em prolongar a vida útil de suas frotas, devido aos atrasos nas entregas de novas aeronaves, que não devem ser normalizados antes de 2027.

A atividade de aeronaves de carga e os níveis de armazenamento também melhoraram. O número de aeronaves de ageiros armazenadas diminuiu 19,3% em 2024, indicando um aumento na utilização da frota. No entanto, a disponibilidade limitada de aeronaves tem prolongado os contratos de leasing, que agora representam 75% a 80% dos acordos, com uma normalização prevista apenas para 2030.

Expansão do mercado de leasing

O mercado de leasing de aeronaves comerciais deve crescer em US$ 20,93 bilhões entre 2024 e 2028, com uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 9,45%, segundo a Technavio.

As aeronaves de fuselagem estreita dominam esse segmento, graças à sua eficiência de custos, versatilidade e apelo às companhias aéreas de baixo custo. Modelos como o Airbus A320neo e o Boeing 737 MAX são cada vez mais procurados devido à sua eficiência no consumo de combustível e flexibilidade operacional, especialmente em mercados emergentes.

O leasing oferece flexibilidade financeira às companhias aéreas, evitando o pesado investimento de capital na compra direta de aeronaves. Grandes arrendadoras, como a Aercap, continuam liderando o mercado, oferecendo estruturas que favorecem a modernização da frota e a agilidade operacional.

Entretanto, o mercado enfrenta desafios como custos de manutenção, falências de companhias aéreas e oscilações nos preços acordados em contratos de leasing.

Pressões sobre o desempenho financeiro

Apesar da recuperação da demanda por ageiros, as companhias aéreas enfrentam uma deterioração no desempenho financeiro. A IBA prevê que as margens operacionais globais caiam de 8% em 2023 para 6% em 2025, impulsionadas pelo aumento nas taxas de leasing e pela queda na receita por ageiro.

As taxas de leasing para modelos como o A320neo e o Boeing 737 MAX 8 devem crescer mais de 4% até janeiro de 2026, intensificando a pressão financeira sobre operadores que já lidam com custos elevados de combustível e incertezas geopolíticas.

Riscos econômicos, como o fortalecimento do dólar e possíveis disputas comerciais, também representam desafios adicionais. Companhias fora dos EUA, que dependem do dólar para pagamentos de combustível, aeronaves e leasing, são particularmente vulneráveis.

Além disso, mudanças regulatórias na Europa, como mandatos de combustível sustentável (SAF) e sistemas de comércio de emissões, devem aumentar os custos de combustível em até 8% entre 2025 e 2030, agravando as pressões financeiras.

Embora a receita por ageiro-quilômetro (RPK) deva crescer 25,6% entre 2025 e 2030, impulsionada por um crescimento econômico estável e maior demanda por viagens aéreas em mercados emergentes como a Índia, persistem disparidades regionais. Enquanto Ásia-Pacífico e América Latina lideram a expansão da capacidade, Europa e China enfrentam crescimento mais lento devido a desafios estruturais e riscos econômicos.

Riscos políticos, como protecionismo e barreiras comerciais, podem dificultar ainda mais o crescimento. Políticas comerciais dos EUA podem impactar as importações e exportações, enquanto tensões geopolíticas continuam a perturbar cadeias de abastecimento globais. Apesar disso, o mercado de leasing e as adaptações estratégicas das companhias aéreas evidenciam a resiliência do setor e sua capacidade de inovação frente à incerteza.

A indústria global da aviação está em uma encruzilhada. Embora o uso da frota e o mercado de leasing impulsionem o crescimento, as pressões financeiras e os riscos econômicos continuam a ser preocupações importantes.

A expansão no mercado de leasing de aeronaves de fuselagem estreita sublinha a necessidade de planejamento financeiro e operacional cuidadoso, especialmente diante de custos crescentes e regulamentações mais rigorosas.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Com uma paixão pelo mundo aeronáutico, especialmente pela aviação militar, atua no ramo da fotografia profissional há 8 anos. Realizou diversos trabalhos para as Forças Armadas e na cobertura de eventos aéreos, contribuindo para a documentação e promoção desse campo.

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