
A JetBlue e a United Airlines anunciaram nesta sexta-feira (24) uma colaboração inédita batizada de Blue Sky, que amplia significativamente as opções de voos, milhas e integração entre as duas companhias. A parceria — que inclui troca de slots em Nova York, integração parcial de serviços e acúmulo cruzado de milhas — levanta especulações sobre uma possível fusão, especialmente diante da delicada situação financeira da JetBlue.
O acordo prevê que clientes do programa MileagePlus, da United, poderão acumular e resgatar milhas em voos da JetBlue, e vice-versa com os pontos TrueBlue. A nova colaboração entrará em vigor já no outono (do Hemisfério Norte), dependendo da aprovação regulatória.
Troca estratégica de slots em JFK e Newark
Em um dos pontos mais relevantes da parceria, a JetBlue cederá à United slots no movimentado Aeroporto JFK, em Nova York, para até sete voos diários a partir de 2027, com saídas do Terminal 6. Em troca, as duas empresas farão um intercâmbio de horários de voo (flight timings) no Aeroporto de Newark, também na região metropolitana de Nova York.
Essa movimentação sinaliza um reforço da United em JFK, de onde havia se retirado completamente em anos anteriores, enquanto a JetBlue reorganiza sua malha e busca liquidez operacional.
A agem de slots para a United era um dos principais pontos dos rumores que circulavam sobre consolidação das duas empresas.
Integração parcial, mas sem codeshare

Apesar do alto nível de cooperação, as empresas não implementarão um codeshare. Cada uma continuará vendendo e operando seus voos sob suas próprias marcas e números de voo, mantendo independência comercial. No entanto, a venda cruzada de agens será possível pelos sites e aplicativos de ambas as companhias.
Além disso, benefícios como embarque prioritário, assentos com espaço extra e standby gratuito no mesmo dia serão oferecidos aos ageiros mesmo quando voarem em aeronaves da parceira.
Tecnologia e possível fusão à vista
Outro ponto importante é a adoção da plataforma Paisly, da JetBlue, nos canais digitais da United para a venda de hotéis, seguros e pacotes de viagem. A medida pode ser vista como um sinal de integração tecnológica mais profunda entre as empresas.
Analistas do setor aéreo veem o acordo como um possível o inicial para uma fusão futura. A JetBlue enfrenta dificuldades financeiras e, recentemente, cancelou a tentativa de fusão com a Spirit Airlines após pressões regulatórias nos EUA. A aliança com a United pode oferecer um caminho mais viável, com menor resistência antitruste, diante do histórico de colaboração entre as duas marcas.
Impacto nos clientes e no mercado
Para os ageiros, a parceria trará novas rotas, opções de milhagem e mais flexibilidade entre a extensa malha internacional da United e os voos regionais e caribenhos da JetBlue, especialmente na costa leste dos EUA. O movimento pode redesenhar a competição no mercado doméstico americano e aumentar a pressão sobre companhias como Delta e American Airlines.
A Blue Sky representa não apenas um reforço estratégico entre as duas aéreas, mas um indício de que o setor pode estar às vésperas de uma nova onda de consolidações — com a JetBlue mais próxima do que nunca de uma possível fusão com a United.