
Após o polêmico resultado das eleições presidenciais na Venezuela, marcadas por acusações de fraude, ao menos três aviões partiram sem prévia programação de Havana com destino a Caracas, gerando especulações sobre intenções ocultas, o que não seria uma novidade em se tratando do imprevisível tráfego aéreo venezuelano.
Dois dos voos partiram usando aeronaves da Conviasa e da Cubana de Aviacion, enquanto o terceiro contou com um avião da Turkish Airlines. Essa movimentação foi citada pelo jornal Diario Las Américas e confirmada por dados de plataformas de rastreamento de voos, como o Radarbox.
O primeiro avião, um A340 executivo da Conviasa, que frequentemente é utilizado pelo líder cubano Miguel Díaz-Canel, decolou de Havana na manhã de terça-feira (30) e pousou em Caracas ainda pela manhã.
O segundo voo, fretado pela Turkish Airlines, partiu logo após, chegando à capital venezuelana ao meio-dia. Um terceiro avião da Cubana de Aviación levantou voo logo depois da uma da tarde, informou a imprensa venezuelana.
Desde ayer están llegando vuelos desde Cuba y Nicaragua con aviones inusualmente grandes.. El 340 de conviasa y un antonov de cubana que Seria El equivalente a un airbus 330. Otro de Turpial q ni siquiera tiene vuelo a Cuba @OrlvndoA pic.twitter.com/NsLNX94c4V
— LISette (@liseticagp72) July 30, 2024
Ao longo de terça-feira e quarta-feira (31), outros voos também foram vistos nas plataformas fazendo a “ponte aérea” entre Cuba e a Venezuela. Não existe confirmação se os voos transportavam ageiros ou carga.
A situação ocorre em um contexto conturbado, onde a legitimidade da vitória do presidente Nicolás Maduro está sendo desafiada por diversas nações e organismos internacionais, como a ONU, a OEA, a União Europeia e os Estados Unidos, que reforçaram pedidos de transparência.
As eleições foram descritas como fraudulentas por muitos, enquanto cresce a pressão sobre o governo de Maduro para que publique as atas de votação como prova da legalidade dos resultados.
Enquanto isso, o candidato oposicionista Edmundo González Urrutia apelou à comunidade internacional e aos cidadãos venezuelanos para que estes respeitem os resultados divulgados pela oposição. González Urrutia agradeceu o apoio de várias nações e ressaltou a importância da publicação das atas de cada mesa eleitoral, conforme estabelecido pelo marco jurídico venezuelano.

O Centro Carter, convidado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para observar o processo eletivo, publicou um relatório detalhando múltiplas violações e deficiências durante as eleições, que indicam um forte viés a favor do governo. Entre as irregularidades, destacam-se a parcialidade do CNE, atualizações problemáticas do registro eleitoral, dificuldades para eleitores no exterior e a utilização de recursos públicos para beneficiar a candidatura oficialista.
A campanha eleitoral foi marcada por um desequilíbrio significativo de recursos e exposição midiática, favorecendo claramente o governo de Maduro. Apesar do clima restritivo, a população venezuelana compareceu massivamente às urnas no dia 28 de julho. Entretanto, o Centro Carter relatou restrições impostas aos observadores e testemunhas partidárias, pressão sobre os eleitores e incidentes de violência em algumas áreas, comprometedores para a autenticidade do processo democrático.
Dentre suas críticas finais, o Centro Carter destacou que o registro de partidos e candidatos não cumpriu os padrões internacionais, com intervenções judiciais afetando líderes da oposição, favorecendo candidatos alinhados com o regime de Maduro. As irregularidades e o clima de repressão reforçam a crítica de que o processo eleitoral venezuelano está longe de ser democrático, colocando em xeque os resultados anunciados pelo governo chavista.
Creo que este ya es el 3 vuelo que sale de cuba a Venezuela en lo que va del día pic.twitter.com/FE5IwwV0wj
— Pirita la Troika (@WasabiCandys) July 30, 2024